Bom dia a todos.
Temos sido enganados pela classe política forte e feio ao longo dos últimos anos. Muitos de nós sentiram na pele o que é viver num regime cleptocrático e mentiroso… Os que negam este facto, devem viver debaixo de uma rocha. Muitas pessoas, atualmente, votam no Chega e o vêem como uma alternativa. Embora eu não seja apoiante do Chega, até entendo a mensagem do seu líder… Mas… Será o Chega coligado com um PSD uma alternativa de governo assim tão viável quanto isso? Para mim, será mais do mesmo pois não propõem qualquer mudança de regime… Teremos o Chega quantos anos no governo? E depois de estar no governo, continuará a ser o Chega? Ou mudará de nome e de filosofia política como tantos o têm feito? De quaisquer das formas, o meu repto aqui é perguntar se não haverá VIVALMA nesta comunidade interessada em construir verdadeiramente algo? Fazer algo de construtivo em vez de vir para aqui escrever que nada pode ser feito, que qualquer proposta que não seja fazer parte de um dos partidos já existentes e anacrónicos, com espírito apático?
Resposta curta: Não há.
Resposta longa: Estamos num país onde os órgãos estatais e governamentais não são devidamente regulados para a prevenção de falcatruas, por isso quem estiver nestes pode fazer o que quiser desde que depois não seja apanhado (e mesmo se for apanhado, sempre pode-se contratar um bom advogado com o dinheiro roubado e atrasar o processo criminal o máximo tempo possível para o crime expirar, o que também funciona devido a um sistema judicial ineficiente). Estamos num país onde a esmagadora maioria da população vota num partido, ou porque esse partido teve muito bons políticos há 40/50 anos atrás (já vi pessoas da 3.ª idade a votar assim), ou porque as propostas desse partido pareciam ser das melhorzinhas (normalmente nem sequer se analisou o documento de propostas, por isso nem sabem bem o que é que os partidos estão a propor).
Mais importante que tudo, estamos numa democracia onde praticamente ninguém teve qualquer tipo de educação política, o que não faz sentido nenhum já que numa democracia é a população que governa (ou que pelo menos, é representada pela Assembleia da República, Governo e Presidente da República). Se as pessoas que escolhem quem governa têm tão poucos conhecimentos de política, como é que conseguem fazer escolhas boas e informadas?
Eu nunca me esqueço de um senhor que uma vez apareceu no telejornal a dizer que a única razão pela qual votou no Chega foi para mostrar que não tinha medo deles. É mesmo isto que queremos para o nosso país?
E nem quero começar a falar sobre a palhaçada que a Assembleia da República, o berço para as leis do nosso país, que afetam todos os portugueses, o berço de qualquer democracia, é atualmente. Cada vez mais sinto que os deputados fazem o debate quinzenal parecer o mais ridículo possível de propósito para que as pessoas não se queiram aproximar, e nem sequer ser associadas à política, para que possam fazer as leis que lhes bem apeteça já que ninguém quer saber do que fazem na Assembleia (beneficiando assim familiares, amigos, …).
Eu sinto que o que falta é ambição. Sinto que toda a gente tem muito aquela mentalidade de “somos um país pequenino”, e que por isso aqueles que fazem falcatruas não se sentem muito moralmente erradas, e que as pessoas não querem saber da formação e alteração de leis, já que o que fazem ou não fazem não afeta assim tanta gente. No entanto, eu sinto que se estão a esquecer-se que isto é um país de dez milhões e meio de pessoas(!), e que o que estão a fazer afeta, direta ou indiretamente, todo este número de pessoas. E acho que é por isso que há tantos políticos que fazem leis e tomam medidas a seu favor e a favor dos seus amigos, em vez de pensarem nos seus 10 444 199 compatriotas. E se formos a ver também, há falta de pensar mais à frente, para o que vai acontecer daqui a 5, 10, 15 anos. Qual foi a última vez que o Governo fez um grande plano de longo prazo, em vez de só se pensar no que é que vai acontecer no ano seguinte? O último que me lembro foi a venda da TAP, que depois foi anulada sob governo do PS. Ou então o plano de pagamento à Troika.
Com isto não estou a tentar dizer que “estamos no caudal da Europa”, nem nada desse género (os portugueses adoram mesmo comparar o seu país aos outros como se muitas vezes adiantasse de muito, mas isso é uma questão para outro dia). Estou a dizer que há uma grande margem para melhorias, mas pouca gente que esteja disposta a dar o seu tudo para que aconteçam.
Concluo assim o meu monólogo bastante longo, que vai ser lido por talvez uma pessoa e meia, a dizer que o que precisamos mesmo para pôr o País em ordem é de uma ditadurazinha em que haja alguém a dizer o que é que precisa ou não de ser feito /s
P.S.: Para aqueles que ficaram com ideias, não consigo sequer imaginar o Chega a instaurar em Portugal uma ditadura que benefissiasse a população e não a eles próprios.
Deixa-me descordar. Há sim!
Mas é preciso procurar mesmo muuuuuuito bem.
Olha aqui o que este antigo emigrante fez: Os migrantes da Vénus, a pastelaria que é um planeta à parte
Hei, lá porque tenho uns quilos a mais não sou uma pessoa e meia e nunca diria que “precisamos é duma ditadurazinha”.
O que precisamos é de pessoas que entendam que cada vez que dizem (ou pensam) “se fosse eu a mandar…” estão a assumir que não arrumam com a situação sem recurso “uma ditadurazinha” que nunca beneficiaria ninguém a não ser ao seu clã.
A frase seguinte - acho que entendo o que queres dizer - é uma contradição em si mesma: não existe “uma ditadura que beneficiasse a população e não a eles próprios”. Todas as ditaduras beneficiam o pequeno grupo dos que se encontram no poder em detrimento de todos os outros.
Já agora: não é só a questão de ser ou não uma “ditadura”. O Chomsky fala, muito bem, a meu ver, que o que determina o valor moral do regime é se as questões relevantes são acessíveis ao escrutínio público. Já deves ter visto perguntarem às criancinhas se querem comer a sopa num prato destes ou daqueles, não já? Essa “democracia” serve para esconder à criança que tem opção na questão fundamental que é se quer ou não comer sopa - Eis como se desvendam alguns pequenos ditadores que existem no seio das melhores famílias autointituladas democratas.
E em Portugal? Com a cobertura jornalística que temos e a falta de nível educativo que graça, temos acesso às questões relevantes?
Tem toda a razão. Eu não pensei muito sobre isso quando o escrevi, e por isso tentei apresentar essa ideia minha como sendo tola ao pôr um ‘/s’ no final do texto, mas a verdade é que o facto de haver apenas um pequeno grupo de pessoas a governar que é “eleito por força” faz com que apenas a consideração desse grupo do que é ou não uma boa decisão seja tomada em conta. E como é um grupo tão pequeno, e normalmente de pessoas com ideologias semelhantes, limitar-se-iam a decidir tudo de um único ponto de vista, o que não seria benéfico para a população como um todo.
Peço imensa desculpa, não era isso que queria dizer com uma pessoa e meia. 😅 O que eu queria dizer era que provavelmente haveria apenas uma pessoa a ler tudo e outra a ler o texto até a meio.
OT:
Eu sei. Eu é que pretendi introduzir um pouco de humor interpretando visivelmente mal a tua intenção (e implicando que eu seria o único a ler).
Mas, já agora, eu não tenho muita prática com “redes sociais”. O fediverse despertou-me o interesse, mas não sei ainda se é um amor para toda a vida. Dito isto, será que é adequado, da minha parte, brincar desta maneira? É que, neste caso, foi completamente inconsequente, mas parece-me que em muitos casos será difícil discernir o sarcasmo do resto da conversa e pode tudo descambar para o torto.
Se calhar devo-me refrear quanto comentários sarcásticos ou humorísticos… muito contra a minha natureza!.. :-/ Oh well!#
Não, a Internet serve mesmo para fazer comentários sarcásticos e humorísticos, não seja preocupe com isso!
Não conhecia esse código. Um /s?! De onde vem essa sinalização? Sabes?
Não sei de onde vem, mas sei que isto são indicadores de tom, usados por alguns em conversas online. Eu usei o ‘/s’ para convir sarcasmo, porque é frequentemente o mais conhecido.